O Museu Aristides de Sousa Mendes, na Casa do Passal onde o cônsul nasceu há 139 anos, foi inaugurada no dia 19 de de julho, na freguesia de Cabanas de Viriato (município de Carregal do Sal). Além do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, compareceram ao evento autoridades do governo português, descendentes do diplomata, refugiados salvos por ele, embaixadores de vários países e representantes de câmaras municipais onde Aristides foi cônsul.
Na Segunda Guerra Mundial, o então cônsul de Bordéus (França) emitiu vistos de refugiados para milhares de fugitivos da perseguição nazista, desobedecendo as ordens do ditador português Antônio de Oliveira Salazar. Isto custou-lhe o esquecimento e a “morte lenta” durante 14 anos, segundo testemunho do neto Antônio Moncada. “Só os irmãos e os primos de Mangualde e da região falavam com ele.”
Em seu discurso, o presidente da República falou do legado deixado por Aristides, agora na forma de um museu que é universal. “Ao visitar a casa, pude ver de uma forma museologicamente espetacular como era esta família e esta casa no século XIX, princípio do século XX. A vida e carreira de Aristides, o que ele foi e o que ele fez como personalidade única no século XX. Este museu é uma lição para o futuro.” “E queremos que esse exemplo passe a crianças como o João e a Joana”, acrescentou ao se referir aos dois descendentes da família de Aristides que o acompanharam na visita ao museu.
O presidente referiu-se ainda à mensagem do Papa Francisco, lida durante a solenidade, ressaltando o que Aristides de Sousa Mendes “fez em prol da vida de milhares de judeus e outras pessoas perseguidas”. Para o Papa, o legado de Aristides é “não apenas para homenagear, mas para beber”, visto ser o “de um homem perito em humanidade, justo entre as nações”.
Já o presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Paulo Catalino, afirmou que a inauguração da Casa Museu de Aristides Sousa Mendes é “o justo momento de reposição da dignidade e da memória de um homem que teve a lucidez, arrojo e coragem de salvar vidas”. Também o presidente da Junta de Freguesia de Cabanas de Viriato, Nuno Seabra, destacou a “extraordinária coragem e humanidade” de Aristides de Sousa Mendes, “cujas ações durante um dos períodos mais sombrios da história moderna nos ensinam o verdadeiro significado de integridade e compaixão. Hoje, celebramos não apenas a inauguração deste museu, mas também a essência dos valores que Aristides de Sousa Mendes personificou: a coragem de fazer o que é certo, mesmo diante das adversidades, e a empatia inabalável para com aqueles que mais necessitam”.
“Com a inauguração deste museu, tornamo-nos guardiões dessa história, assegurando que as futuras gerações conheçam e se inspirem no exemplo de Aristides. Este museu será um farol de educação e reflexão, um lugar onde visitantes de todas as idades e origens poderão aprender sobre a coragem moral e o impacto que uma única pessoa pode ter no mundo. Que cada exposição, cada artefacto e cada história contada aqui sirva para lembrar-nos da importância de defender a dignidade humana e os direitos fundamentais de todos as pessoas”, acrescentou Nuno Seabra.
O presidente da Junta de Freguesia referiu-se ainda “a todos que tornaram possível a realização deste projeto, aqueles que, ao longo dos últimos dois anos, se dedicaram com afinco à requalificação da Casa do Passal, especialmente para todos os profissionais da Câmara Municipal, que incansavelmente deram o seu melhor. As vossas dedicações foram imprescindíveis para o sucesso deste projeto”.
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