A conquista do Grupo Desportivo de Resende, ao levantar a taça de Campeão distrital de Viseu, pela primeira vez em 96 anos de história, é o principal destaque da edição de maio/2025 do jornal Notícias de Resende. O empate a zero com o Nelas, dia 11 de maio, definiu a promoção da equipe resendense ao Campeonato de Portugal. O título foi festejado em campo com centenas de adeptos que foram a Nelas apoiar a equipe e, mais tarde, no Estádio Municipal de Fornelos, em Resende, de onde saiu uma caravana que percorreu as ruas da cidade.
Esta “é uma sensação de dever cumprido”, reagiu o treinador, Patrick Canto. E “este troféu é o cumprir de um sonho de todos os resendenses”, completou o presidente do Clube, Horácio Bernardino.
Outro destaque é o regresso do Festival da Cereja de Resende, para celebrar a fruta que é o símbolo maior do concelho e o motor da economia local. O XXIII Festival acontece este ano em dois fins de semana (31 de maio e 1, 7 e 8 de junho). Uma verdadeira multidão enche as ruas da vila onde mais de 70 produtores vendem toneladas do fruto vermelho. Mas não faltam os doces típicos, incluindo as cavacas de Resende, o artesanato, muita animação musical e o cortejo temático “Marcha das Cerejas”. O desfile envolve todas as freguesias do concelho e reúne centenas de participantes.
A novidade este ano é o cortejo “Cereja Desportiva”, no dia 8 de junho (domingo), com a presença de atletas de clubes e grupos desportivos do concelho, promovendo o desporto e o espírito de comunidade num ambiente festivo. Para o presidente da Câmara Municipal de Resende, Garcez Trindade, “entregamos tudo o que temos e sabemos nesta festa há mais de 20 anos”.
O terceiro destaque é a tradicional Feira do Rodo, um dos maiores eventos agropecuários do concelho de Resende que aconteceu no dia 4 de maio, por iniciativa da União das Freguesias de Ovadas e Panchorra com o apoio da Câmara Municipal de Resende. Para além da habitual Mostra de Reprodutores e do Concurso Pecuário, foi inaugurado o monumento da “Catedral da Raça Arouquesa”. O monumento pretende “fazer da nossa feira e da nossa União de Freguesias o ‘solar’ da Raça Arouquesa. As nossas gentes merecem essa distinção”, destacam os promotores.
Menção ainda ao artigo “Chegaram os de Resende!”, do padre e historiador Joaquim Correia Duarte. Segue a íntegra do artigo:
“Quando fui pela primeira vez ao Porto, em carro próprio, seguindo a A4, passei pelo lugar do Cavalinho, em Amarante. Parei, e perguntei:
– Como se chama este lugar?
-Aqui é o Cavalinho – responderam.
O Cavalinho? Aqui não havia em tempos uma feira importante? – inquiri.
– Sim, havia. Era uma feira de gado, muito frequentada.
A resposta veio lembrar-me três bons negociantes de gado, todos da nossa freguesia de Felgueiras e todos da mesma família: Chiquinho Borges, o irmão, Toninho Borges, o filho deste, Alexandre Borges, e o genro, Albino Matos.
Cada um deles montava uma cavalgadura possante que lhe permitia percorrer distâncias enormes e fazer feiras tão longínquas como a de Campelo (Baião), a da Campeã (Vila Real) e a tal do Cavalinho.
Iam eles e, com eles, os criados. Eram esses criados que tocavam o gado comprado pelos patrões, nas feiras, e o entregavam no regresso aos “criadores”.
Criadores eram lavradores ou caseiros que, sem tempo para frequentarem as feiras e sem dinheiro próprio para adquirirem os animais, criavam os que os negociantes lhes confiavam até poderem vendê-los de novo, com um lucro dividido por eles e pelos negociantes.
Recordo esses bons negociantes entrarem nas feiras com uma carteira “gorda” para poderem pagar os animais que compravam, logo “à cabeça”, ou seja, de imediato, logo que os “criados” tomavam conta deles.
E também me lembro de cada um levar no bolso uma tesoura apropriada para, no momento da compra, marcar os animais comprados com um sinal que era só seu, dando ao mesmo tempo aos donos, como “sinal”, uma parte do dinheiro da compra.
Negócios são negócios – cada um compra e vende como pode – os negociantes locais seguravam os preços o mais possível, para pagarem o menos possível.
Como “os de Resende” tinham a carteira mais “gorda”, segundo parece, entravam na feira, subiam os preços e faziam concorrência.
Por isso é que os lavradores, desejando e esperando melhores preços para o seu gado, – tudo naquele tempo era sempre pouco – quando entravam na feira “os de Resende”, faziam logo correr, de boca em boca, esta auspiciosa notícia:
-Chegaram os de Resende!
-Chegaram os de Resende!